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domingo, 2 de fevereiro de 2014

Bem-estar - Mindfulness - Colunista: Luiz Ribeiro

O papel da intenção

Quando alguém se inscreve para um curso de mindfulness, uma motivação pessoal move a pessoa: uma vontade de mudar, desenvolver-se, melhorar algo na vida. Essa intenção pessoal é fundamental para o sucesso, consiste no combustível e no horizonte que estimulam a disciplina necessária para a prática diária. Excelente ter uma forte motivação pessoal!

Mindfulness é mais que um treino, é uma forma de estar no mundo. Podemos entendê-la como “escolher prestar atenção plena ao momento presente como ele é”. Contando com uma motivação pessoal forte, temos o estímulo para fazer essa escolha momento a momento.

Sozinha, no entanto, a motivação pessoal não é suficiente. Porque um curso de mindfulness vai além de um mero treino de atenção plena. Afinal, a pessoa que puxa o gatilho do revólver também precisa de total atenção. E o objetivo, definitivamente, não é nos treinar a puxar melhor o gatilho.

Para realmente prestar atenção plena ao momento presente como ele é, temos de entender que o agora abraça tudo o que está acontecendo ao redor de nós, próximo e distante, antes e depois. Ele resulta do que já aconteceu e constrói o que irá acontecer. Ele depende de o que os outros fizeram antes, abrange como os outros se encontram agora e influencia o que os outros vivenciarão a seguir.

Essa inter-relação entre nós e os outros, entre tudo o que há no universo no decorrer do tempo, torna-se bastante clara quando pensamos na crise ambiental, com o processo de mudanças climáticas, ou nas sucessivas crises econômicas que o mundo globalizado enfrenta. Desse ponto de vista, o que acontece na China, ou nos EUA, ou na esquina, nos interessa e nos atinge. E, a afirmação também é verdadeira de cá pra lá.

Praticar mindfulness implica experienciar a condição inter-relacionada em que vivemos, influenciando uns aos outros momento a momento, e compreender que nossa ação reverbera continuamente em nós e nos outros. O momento presente é fluido, está em movimento, em uma coreografia sincronizada em todo o universo, que resulta do que veio antes, é influenciada por todas as decisões tomadas agora – inclusive as nossas – e define as interações que formarão o próximo momento presente – o futuro.

Com essa compreensão, a única opção inteligente consiste em desenvolver a tranquilidade, a alegria e a clareza resultantes do treino de mindfulness e tomar as melhores decisões, momento a momento, em benefício de todos os seres e de todos os sistemas dos quais fazemos parte: a família, os grupos de amigos, as organizações de que participamos, o bairro, a cidade... o universo inteiro.


A nossa motivação pessoal precisa estar inserida no contexto geral de uma motivação coletiva. De qualquer forma, ela já está nesse contexto, mesmo que façamos esforço para nadar contra a corrente.

Outubro de 2014.

O que é importante para você?

“O mais importante é lembrar-se do que é mais importante.”
Essa frase simples e profunda do mestre Suzuki Roshi me trouxe de volta à reflexão sobre por que eu pratico mindfulness.
Sim, os estudos científicos comprovam os benefícios para a saúde; as habilidades desenvolvidas são valiosíssimas para a vida profissional; o treinamento mental aumenta as competências emocionais e melhora os relacionamentos... e por aí vai, em um sem fim de efeitos positivos.
A prática diligente e disciplinada traz tudo isso. No entanto, olhando em profundidade, sinto que esses são apenas os sintomas. Eu pratico porque busco ser feliz e quero trazer felicidade para as outras pessoas.
Não estou falando daquele tipo de “felicidade-bobo-alegre”, em que a gente fica superexcitado quando consegue algo e, depois, volta a um estado mental entediado-levemente irritado-ausente. Com mindfulness, gradativamente somos tomados por outro tipo de felicidade: estar de bem consigo mesmo e com o mundo a cada momento, inclusive em meio ao desconforto.
Assim, quando em situações agradáveis, estamos totalmente presentes, amorosamente, contemplando e desfrutando o momento. E, quando em situações adversas, estamos igualmente totalmente presentes, amorosamente, com a mente calma e clara para tomarmos as melhores decisões possíveis.
E como fazemos isso? Uma dica: assista a esta belíssima palestra de Shauna Shapiro e você verá como a prática de mindfulness aumenta não apenas a atenção, mas também a compaixão por nós mesmos e pelo outro.

Então você estará preparado para ler o artigo de junho, em que analisaremos mais a fundo o que a ciência diz sobre a relação entre mindfulness, compaixão, bondade amorosa e felicidade.
Maio de 2014.

Mindfulness, a revolução silenciosa

O Google pratica. A Nasa também. General Mills, Aetna, Target e Ford estão entre as inúmeras companhias pelo mundo que adotaram o treinamento. O Congresso norte-americano tem aulas semanais, e um senador defende a inclusão no sistema público de ensino. No Reino Unido, cerca de 70 membros do Parlamento participaram de cursos, e estuda-se introduzir no sistema público de saúde.
Afinal, o que é essa novidade que, segundo a capa da revista Time, está provocando uma verdadeira revolução positiva na sociedade moderna?
Mindfulness é um conjunto de técnicas que nos ajudam a prestar atenção plena ao momento presente como ele é. Treinando as competências inatas da mente, obtemos resultados como redução do estresse, estabilidade emocional e relacionamentos mais empáticos e resilientes. Em resumo, melhor qualidade de vida.
Não à toa, é aplicado em setores tão diversos quanto a saúde pública, o ensino e o sistema prisional, entre policiais e bombeiros, gestantes e recém-pais, executivos e acadêmicos. Todo o mundo quer um pouco de paz interior em tempos turbulentos como os atuais. Ainda mais quando recebemos um “bônus” de foco, eficiência e criatividade.
Nos próximos meses, serão apresentados aqui temas relevantes da prática de mindfulness. Falaremos sobre as principais técnicas, os cases de sucesso pelo mundo, novidades nas pesquisas científicas e, é claro, como você pode ter acesso ao treinamento, que está começando a ganhar o Brasil. Sempre no início do mês.
E que tal começar assistindo a um vídeo que explica o que é mindfulness de maneira didática e divertida?



Luiz Ribeiro.

Instrutor de mindfulness, escritor e editor. Também pai, padrasto, marido. Estudei jornalismo, ciências sociais, economia, gestão ambiental, psiquiatria e agricultura nos bancos de escolas. E outros assuntos nos bancos da vida. Nada disso me define, e tudo me soma. Minha missão: desenvolver-me continuamente para servir aos outros com base na experiência pessoal. Sócio-instrutor da Assertiva Mindfulness.


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